Paulo
Morais, vice-presidente da Associação de Integridade e Transparência, uma organização não-governamental que tem como missão combater a corrupção, vem
reiteradamente defendendo que não foi o consumo desregrado dos portugueses nem o
crescimento explosivo do Estado Social, que causaram a profunda crise que hoje
vivemos.
Segundo Paulo Morais, na base da maior crise
financeira dos últimos cem anos não estão os portugueses mas a corrupção, que
estima seja responsável por 85% da divida pública.
Não será
difícil admitir estas ideias e estes números avassaladores se tivermos em conta
a dimensão dos escândalos financeiros que ininterruptamente os meios de comunicação
social trazem a público.
Perante
isto, uma pergunta sacramental se coloca ao cidadão comum: que têm feito os responsáveis
políticos, leia-se presidente da república, primeiro-ministro, ministros,
deputados e dirigentes partidários do poder e da oposição, para reparar esta imoral
e ilícita sangria do erário público?
Isto é: que
reformas políticas, que legislação anti corrupção, que reforço da Justiça foram
implementadas?
Havemos de
convir que muito pouco, ou mesmo nada. Ainda que se assinale o esforço heroico
de meia dúzia de juízes que, contra ventos e marés, ousam fazer justiça! Os machuchos
políticos, esses, como já é hábito, têm-se limitado a responder com boas
intenções e promessas eleitorais. Mas de boas intenções está o inferno cheio.
É neste
quadro que os portugueses serão chamados, brevemente, a duas novas fainas eleitorais:
as legislativas, que decorrerão entre 14 de Setembro e 14 de Outubro e as
presidenciais, em Janeiro do próximo ano, e que marcam o fim do mandato do Presidente Cavaco Silva, constitucionalmente incapacitado de se recandidatar.
É caso para
se dizer, portanto: casa roubada, eleições à porta!
Sendo que os
partidos políticos já tudo fazem para partidarizar as eleições presidenciais,
desvirtuando-as.
Tanto assim
é que já várias personalidades são apontadas para disputar o lugar que Cavaco Silva
irá deixar vago. Todos potenciais candidatos dos partidos do poder com os quais
se comprometerão, garantindo a protecção do governo, se da mesma cor política,
ou a sua hostilização se de sinal contrário.
Candidatos que
uma vez eleitos irão jurar defender o Sistema que lançou Portugal nos braços da
corrupção e os portugueses na miséria.
Não deixa de
ser relevante, por isso, que um tanto surpreendentemente, se tenham já
posicionado dois candidatos fora do sistema, com credibilidade bastante.
Sendo
desejável que outros se apresentem e que o próximo Presidente da República saia
deste lote de independentes, que saiba interpretar a Constituição em benefício dos
portugueses e da democracia e contra o sistema corrupto, não se subordinando
aos ditames partidários.
Este texto não se conforma com o novo Acordo
Ortográfico por opção do seu autor.