Na
Assembleia da República falou-se, mais uma vez, da necessidade urgente de aumentar
a natalidade em Portugal.
Urgência
que é reconhecida por todos os grupos parlamentares. Talvez por isso mesmo todos
tenham fugido à questão engalfinhando-se em acusações mútuas e dichotes abstrusos.
Ao que
consta até haveria 38 propostas em cima da mesa, ideias bastantes para iluminar
o mundo. Nesta matéria, porém, vamos continuar às escuras, porque o Governo não
sabe como se fazem filhos, ou finge não saber, e a oposição afina pelo mesmo
diapasão. Daí tantas ideias, estudos e debates.
Ficamos
a saber, contudo, que o governo tem como intuito velado aumentar o número de
contribuintes e a oposição como propósito declarado pôr os portugueses a viver
bem e sem trabalhar.
Embora
não ignorem, certamente, aquilo que Josué de Castro a seu tempo provou: a
miséria e a fome conduzem à catastrófica explosão demográfica.
Por
outras palavras: países ditos subdesenvolvidos como o Afeganistão ou Angola
possuem elevadas taxas de natalidade enquanto países desenvolvidos como a Alemanha
ou a Austrália, baixas taxas de natalidade.
Melhor
dizendo: as taxas de natalidade são baixas quando há controle de natalidade e
se inibe, por diversas formas, a procriação, e acontece exactamente o contrario
quando não há planeamento familiar, ou a cultura e a religião prevalecentes
condenam, ferozmente, a contracepção.
Trata-se de um problema essencialmente cultural
e do foro da política social, portanto, portanto.
Problema
que ganhou especial acuidade na velha Europa e em Portugal em particular, onde
se corre o risco de, a prazo, os indígenas ficarem em minoria e verem as suas
culturas postergadas.
Europa
onde até há pouco tempo as práticas sexuais também serviam para fazer filhos
mas onde, hoje em dia, servem para tudo menos para esse útil propósito.
Acontece
que os filhos são o produto fundamental das famílias que os devem gerar de
forma a criar bons cidadãos e melhores governantes.
Em
Portugal, concretamente, o problema continua a ser adiado ou tratado com ideias
avulso, que tarde ou nunca produzirão os resultados desejados. Quando há muito
deveria ter sido atacado, tratando a família como um todo, em todas as
vertentes educacionais, económicas e sociais. E não olhando apenas para o útero
da mulher reprodutora.
Desavergonhadamente
os dois principais partidos continuam a não se entender, também nesta matéria,
talvez por pretenderem que as criancinhas nasçam já com as suas bandeirinhas na
mão.
Ou
talvez o Governo esteja à espera que as medidas de austeridade, porque lançam
os portugueses na miséria, farão aumentar a taxa de natalidade, como acontece
nos países subdesenvolvidos.
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