domingo, 10 de maio de 2015

Casa roubada eleições à porta.


 

Paulo Morais, vice-presidente da Associação de Integridade e Transparência, uma organização não-governamental que tem como missão combater a corrupção, vem reiteradamente defendendo que não foi o consumo desregrado dos portugueses nem o crescimento explosivo do Estado Social, que causaram a profunda crise que hoje vivemos.

 Segundo Paulo Morais, na base da maior crise financeira dos últimos cem anos não estão os portugueses mas a corrupção, que estima seja responsável por 85% da divida pública.

Não será difícil admitir estas ideias e estes números avassaladores se tivermos em conta a dimensão dos escândalos financeiros que ininterruptamente os meios de comunicação social trazem a público.

Perante isto, uma pergunta sacramental se coloca ao cidadão comum: que têm feito os responsáveis políticos, leia-se presidente da república, primeiro-ministro, ministros, deputados e dirigentes partidários do poder e da oposição, para reparar esta imoral e ilícita sangria do erário público?

Isto é: que reformas políticas, que legislação anti corrupção, que reforço da Justiça foram implementadas?

Havemos de convir que muito pouco, ou mesmo nada. Ainda que se assinale o esforço heroico de meia dúzia de juízes que, contra ventos e marés, ousam fazer justiça! Os machuchos políticos, esses, como já é hábito, têm-se limitado a responder com boas intenções e promessas eleitorais. Mas de boas intenções está o inferno cheio.

É neste quadro que os portugueses serão chamados, brevemente, a duas novas fainas eleitorais: as legislativas, que decorrerão entre 14 de Setembro e 14 de Outubro e as presidenciais, em Janeiro do próximo ano, e que marcam o fim do mandato do Presidente Cavaco Silva, constitucionalmente incapacitado de se recandidatar.

É caso para se dizer, portanto: casa roubada, eleições à porta!

Sendo que os partidos políticos já tudo fazem para partidarizar as eleições presidenciais, desvirtuando-as.

Tanto assim é que já várias personalidades são apontadas para disputar o lugar que Cavaco Silva irá deixar vago. Todos potenciais candidatos dos partidos do poder com os quais se comprometerão, garantindo a protecção do governo, se da mesma cor política, ou a sua hostilização se de sinal contrário.

Candidatos que uma vez eleitos irão jurar defender o Sistema que lançou Portugal nos braços da corrupção e os portugueses na miséria.

Não deixa de ser relevante, por isso, que um tanto surpreendentemente, se tenham já posicionado dois candidatos fora do sistema, com credibilidade bastante.

Sendo desejável que outros se apresentem e que o próximo Presidente da República saia deste lote de independentes, que saiba interpretar a Constituição em benefício dos portugueses e da democracia e contra o sistema corrupto, não se subordinando aos ditames partidários.

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico por opção do seu autor.

terça-feira, 5 de maio de 2015

O Governo não sabe como se fazem filhos.


 

Na Assembleia da República falou-se, mais uma vez, da necessidade urgente de aumentar a natalidade em Portugal.
Urgência que é reconhecida por todos os grupos parlamentares. Talvez por isso mesmo todos tenham fugido à questão engalfinhando-se em acusações mútuas e dichotes abstrusos.
Ao que consta até haveria 38 propostas em cima da mesa, ideias bastantes para iluminar o mundo. Nesta matéria, porém, vamos continuar às escuras, porque o Governo não sabe como se fazem filhos, ou finge não saber, e a oposição afina pelo mesmo diapasão. Daí tantas ideias, estudos e debates.
Ficamos a saber, contudo, que o governo tem como intuito velado aumentar o número de contribuintes e a oposição como propósito declarado pôr os portugueses a viver bem e sem trabalhar.
Embora não ignorem, certamente, aquilo que Josué de Castro a seu tempo provou: a miséria e a fome conduzem à catastrófica explosão demográfica.
Por outras palavras: países ditos subdesenvolvidos como o Afeganistão ou Angola possuem elevadas taxas de natalidade enquanto países desenvolvidos como a Alemanha ou a Austrália, baixas taxas de natalidade.
Melhor dizendo: as taxas de natalidade são baixas quando há controle de natalidade e se inibe, por diversas formas, a procriação, e acontece exactamente o contrario quando não há planeamento familiar, ou a cultura e a religião prevalecentes condenam, ferozmente, a contracepção.
 Trata-se de um problema essencialmente cultural e do foro da política social, portanto, portanto.
Problema que ganhou especial acuidade na velha Europa e em Portugal em particular, onde se corre o risco de, a prazo, os indígenas ficarem em minoria e verem as suas culturas postergadas.
Europa onde até há pouco tempo as práticas sexuais também serviam para fazer filhos mas onde, hoje em dia, servem para tudo menos para esse útil propósito.
Acontece que os filhos são o produto fundamental das famílias que os devem gerar de forma a criar bons cidadãos e melhores governantes.
Em Portugal, concretamente, o problema continua a ser adiado ou tratado com ideias avulso, que tarde ou nunca produzirão os resultados desejados. Quando há muito deveria ter sido atacado, tratando a família como um todo, em todas as vertentes educacionais, económicas e sociais. E não olhando apenas para o útero da mulher reprodutora.
Desavergonhadamente os dois principais partidos continuam a não se entender, também nesta matéria, talvez por pretenderem que as criancinhas nasçam já com as suas bandeirinhas na mão.
Ou talvez o Governo esteja à espera que as medidas de austeridade, porque lançam os portugueses na miséria, farão aumentar a taxa de natalidade, como acontece nos países subdesenvolvidos.